Como a antropologia pode abordar fenômenos transnacionais, dado que seu método e o tipo de conhecimento construído a partir dele foram originalmente estruturados com base no estudo de pequenas comunidades locais? O artigo tratará do trânsito entre escalas micro e macro a partir de uma das vertentes (meta)teóricas que tem sido propostas desde a "virada interpretativa" nos anos 1980, inspirada na obra de Marilyn Strathern. Essa perspectiva, baseada no primado da relacionalidade e da reflexividade entre as duas faces do ofício do antropólogo (trabalho de campo e escrita etnográfica), aborda operações de produção de conhecimento rotineiramente empregadas tanto pelos antropólogos quanto por seus "nativos", envolvendo o acionamento de escalas, contextos, domínios e analogias. O artigo buscará operacionalizar esse instrumental analítico no caso da cooperação Sul-Sul brasileira com o continente africano, entendida enquanto composição (assemblage) emergente marcada por esforços de produção de contexto e busca de robustez relacional.
CESARINO, Leticia. Antropologia multissituada e a questão da escala: reflexões com base no estudo da cooperação sul-sul brasileira. ed Horiz. antropol. vol.20 no.41 Porto Alegre Jan./June 2014. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-71832014000100002&script=sci_arttext> novembro 2014.